sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Sobre o pequeno - grande - príncipe...



O pequeno – grande - príncipe.

Perdi a conta de quantas vezes li O Pequeno Príncipe. Não vou escrever sobre o livro, muitas outras pessoas já o fizeram. Vou escrever sobre este ato incansável de buscá-lo quantas vezes nosso coração quiser.
Quero escrever sobre a magia que há nesta dinâmica – de ler, ler outra vez e ainda encontrar motivos para querer ler de novo. A magia que é surpreender-se com as coisas repetidas e banais de nossa existência.

Além de ser um livro gostoso de ler, ele traz, na sua simplicidade, reflexões grandiosas, que só poderiam ser tecidas por um coração infantil e terno, carregado de significados – por isso, todas as vezes que li, percebi coisas diferentes e novas.

Num de seus diálogos com sua flor, ele diz “Eu ainda sou tão pequeno”.
Realmente somos tão pequenos diante de tantas coisas, nossos problemas são pequenos demais diante da dor da fome, do frio e do abandono. A dor da perda, da morte, de todo e qualquer tipo de sofrimento. Somos tão pequenos, e ainda sabemos tão pouco. Crescemos todos os dias quando nos damos conta do quanto que aprendemos... Mas para isso é preciso saber olhar... ver... contemplar...
O pequeno príncipe observava com ternura e atenção a vida que acontecia ao seu redor.
Deixe-se surpreender pelas coisas simples e pequenas. Jesus já dizia: Deixe vir a mim os pequeninos, porque deles é o reino de Deus.”(...)
Deixava-se tocar pela realidade, se encantava com a vida e suas diferentes manifestações...
Como é bom ser pequeno e caber na palma da mão do outro, no colo da mãe, sem vergonha...

As lições do pequeno príncipe são lições de um grande sábio.
Lições de quem tem grande visão. Mas que antes do horizonte almejado, busca reconhecer a beleza e importância do próximo passo.

Se você já leu, tente responder ao seu coração o que ele te ensinou?
O quê? Você ainda não leu O pequeno príncipe?

(Com carinho - para o Gabriel, meu pequeno principe...)
Leia Almeida

Sobre a juventude


“Eu vejo que a juventude tem muito amor, carrega a esperança viva no seu cantar. Conhece caminhos novos não tem segredo, anseia pela justiça e defende a paz...”.


Assumir a juventude em cada época da vida é acreditar na possibilidade da transformação constante. É crer no Deus na vida que se revela na criatividade, na rebeldia, no rosto maravilhado daqueles que se deixam tocar pela indignação, pela ternura, pela tolerância e pela sensibilidade. É acreditar na novidade! É ter fé na vida! Uma vida que vale a pena ser vivida! Uma vida tecida de sonhos - próprio de um coração juvenil!

Sobre a autoria...

Cada vez que leio um artigo, um livro ou mesmo um comentário, contemplo com os olhos encharcados de alegria, a dinâmica da sistematicidade. Quantas coisas foram vividas e perdidas no tempo e na história. Quantas coisas bonitas foram extraviadas por não terem sido registradas. E isso deve nos alertar para o compromisso em registrar nossa história, nossas descobertas, o jeito que a gente vê e vive a vida.

Se há um desejo no meu coração de educadora que estimula minha prática é descobrir um jeito de educar para a capacidade da autoria. Educar para a criatividade, para a organização do pensamento, para a autonomia. Num mundo onde se acostuma viver conformado, ficar em silêncio, porque “não adianta mesmo”, perceber o processo que acontece na nossa vida reafirma nossa história e nosso jeito de ser e estar no mundo, como interventores sociais. Na sociedade da informação, onde aprendemos a ser expectadores e quando muito, atores, assumir o risco e ser autores é um desafio e uma emergência. A educação precisa prever condições para que isso aconteça.

Superando a ingenuidade da escrita, percebemos o desafio da autoria como aquela que nasce de um compromisso, de uma argumentação baseada numa fundamentação teórica, de uma vivência. O autor se apodera, rompendo a arrogância, conquistando seu espaço através da sua argumentação, da sua tolerância, do seu jeito de ver, de calar, de perceber o que acontece com ele e em torno dele.

Só se torna autor aquele que é humilde, desapegado, que não quer ser dono do seu saber, que reconhece que o saber é dom e, na gratuidade, espalha seus sonho através das cores e das tintas que revelam seu pensamento. Ele sabe que sua produção precisa ser partilhada, ser alimentada na partilha, na troca, na concordância ou discordância, na tarefa diária de se descobrir sábio e aprendiz ao mesmo tempo. Isso reforça a despretensão de escrevê-la sozinhos. Muitas pessoas são co-autoras. Umas pela própria história, outras que escolhemos, outras ainda que surgem no meio do caminho pela ocasião ou por vontade.

Fica então o gosto de se perceber nessa história, de pegar nas mãos a caneta e escrever. Escrever não para segurar as palavras no papel, mas para registrá-las no coração. Para anotar na memória aquilo que realmente importa. Aquilo que deve ficar ‘marcado’. É fazer a história acontecer.

Leia Almeida